Comecei a praticar o karate Kyokushin no ano de 1.999 quando tinha apenas dez anos de idade, conhecendo-o por intermédio de meu irmão mais novo Leonardo e de minha prima Fabiene, que começaram a praticá-lo numa academia perto de casa. Desde criança sempre fui apaixonado por artes marciais, assistindo filmes, desenho e séries de lutas. Como eu era um garoto muito enérgico, meus pais buscaram me matricular em alguma atividade para gastar minhas energias, tentaram o taekwondo, a capoeira e até o futsal, porém nenhum desses esportes me agradou, até que assisti e pratiquei minha primeira aula de karate. Nos primeiros treinos já me identifiquei com o Kyokushin e aos poucos fui me dedicando mais afinco nos treinamentos, almejando sempre melhorar a cada dia.
Em poucos meses já estava na faixa laranja, participei de um Campeonato Mineiro da Amizade e me sagrei campeão. Esse episódio me deixou exaltado tornando-me um garoto convencido, acreditando ser o melhor lutador da minha idade. Porém esse período foi curto, ao participar de outra edição de um campeonato mineiro – nesse já com cerca de doze a treze anos e na graduação de faixa amarela – perdi na primeira luta e posteriormente me deparei com outros adversários bem melhores e mais treinados que eu. Entendi que para ser bom devíamos treinar muito e ser humildes, consentindo que sempre haveria alguém mais forte que eu. Tudo isso me motivou a treinar com mais seriedade e dois anos depois, com quatorze anos, já me encontrava na faixa marrom 2° kyu. Comecei rapidamente a me preparar para fazer o exame para faixa preta, porém aos dezesseis anos como revés da vida, precisei trabalhar durante o dia e estudar a noite, me afastando da academia.
Mesmo sem poder ir a academia não deixei de treinar e sempre quando podia fazia o kihon, exercícios de alongamento e de luta com o saco de pancada, porém não eram a mesma coisa que treinar ao lado de um professor e de companheiros de treino. Foram sete anos longe da academia, dois anos para concluir o segundo grau, um ano para o serviço militar e quatro anos para terminar o ensino superior, mas todo esse tempo nunca havia abandonado o amor pelo Kyokushin.
No ano de 2.013, logo após concluir o ensino superior, voltei aos treinamentos com o sensei Marcos Luis Bruzigues, me matriculando em sua academia, porém nesse tempo que havia se passado, o mesmo não aplicava mais as aulas em minha cidade de Varginha – MG, somente em sua cidade natal Elói Mendes – MG. Após algum tempo de meu retorno, o sensei Marcos me ofereceu a oportunidade de ser instrutor de Kyokushin para uma turma de alunos que estavam querendo voltar à ativa em Varginha. Aceitei a oferta e comecei, além de treinar em Elói Mendes, a dar aulas para esses alunos em Varginha. Até então tinha praticado o karate Kyokushin apenas para meu desenvolvimento pessoal, sem uma visão coletiva nem com o pensamento de dividir meus aprendizados.
Com a experiência de dar aulas minha mente se abriu para um Kyokushin que ainda não conhecia, consegui entender mais sobre a filosofia do karate, do significado do juramento em nossa vida, da rotina de treinamento e de fatores que antes não me importavam como buscar a evolução e bem mútuo para uma turma em geral, não somente para desenvolvimento próprio.
Em circunstancias de altos e baixos conseguimos estabilizar um local de treinamento e a cada dia reforçar a equipe que vinha reintegrando ao Kyokushin, sendo que 90% dos alunos se enquadravam na mesma situação que eu, queriam treinar, mas tinham compromissos que os impediam de voltar e horários não compatíveis com a academia do sensei Marcos em Elói Mendes.
Com a base de uma turma em andamento e com meus treinamentos em dia, realizei o exame para 1° kyu em 2.014, após um ano de meu regresso, um desafio bastante difícil em vista do tempo que fora perdido, mas com muito esforço consegui completá-lo com êxito. Em 2.015 participei de mais uma edição do Campeonato Mineiro da Amizade, o primeiro absoluto em minha trajetória, que agregou bastante experiência e conhecimento.
Em 2.016 realizei o maior teste dentro do Karate Kyokushin, o exame de faixa preta 1° Dan. Foi sem dúvidas o teste mais difícil e rigoroso que presenciei dentro do Kyokushin, fazendo jus ao renome que nosso estilo possui mundo a fora. Com muito esforço e dedicação, sobretudo com a graça de Deus, consegui vencer esse desafio e me graduei mundialmente como um faixa preta.
Em 2.020 em meio a uma pandemia mundial, realizei meu exame para 2° Dan, pelo qual fui aprovado. Em 2.021 precisei tomar uma difícil decisão de encerrar as aulas na Associação dos Operários, na qual lecionei por sete anos, devido a politica interna da atual presidência, que optou em encerrar o contrato conosco. Eu tinha a opção de procurar um novo local, porém por experiência própria de idas e vindas de espaços, decidi construir uma sede própria em minha casa.
No início vários alunos abandonaram os treinamentos, mas com fé e dedicação o karate Kyokushin voltou a crescer, com novos alunos e os fiéis alunos que se mantiveram acreditando no meu trabalho.
Atualmente faz nove anos que ministro aula como professor de artes marciais. Hoje, mesmo tendo muito que aprender sobre o Kyokushin, digo com toda certeza que essa arte marcial faz parte de minha vida e que mesmo com a dureza dos treinamentos e da disciplina que ela impõe e exige, praticá-la é algo inexplicável, compreendido apenas por aqueles que vivenciam de sua filosofia.
https://youtu.be/WywuCbFJaiA